No dia 15 de março, no prédio da Zootecnia, dando início á volta as reuniões quinzenais do GEMA, o aluno Jose Renan Silveira da turma Z8, trouxe para o grupo um assunto muito questionável: O uso da consanguinidade em equinos, (e também nas outras culturas). São palavras que vem ganhando destaque na mídia especializada em pecuária, e com isso, “assombrando” muitos produtores, até mesmo os mais céticos em relação ao problema já se mostram com “a pulga atrás da orelha”. Talvez seja o fato de que os criadores, além de estarem tecnicamente melhores embasados e/ou assessorados, estão encontrando poucas alternativas de linhagens para acasalarem seus animais, que deveriam corresponder a suas expectativas em produção, funcionalidade e expressão racial, e isso se deve a várias razões, entre as quais podemos destacar: O grande impacto da maior utilização de biotecnologias como a inseminação artificial, transferência de embriões e fertilização in vitro. Essas biotécnicas se intensificaram paralelamente a grande evolução dos programas de melhoramento animal, que identificam de uma maneira bastante confiável os melhores exemplares nas características avaliadas utilizando informações do desempenho de seus ascendentes.
Renan, apresentou de forma simplificada porém de grande valor em conhecimento e facilidade de aprendizado sobre algumas das características ligados aos benefícios e adversidades desses tipos de cruzamento. Bom, mas você sabe o que é consanguinidade? Logo lhe vem a mente a palavra sangue. Isso mesmo! O nome é bem sugestivo, Consanguinidade é a afinidade por laços de sangue, significada de acordo com a diversidade cultural das raças e nos remete a pensar um pouco a respeito do uso dessa característica como um objetivo que vise maior rentabilidade.
Veja a seguir o conteúdo da palestra, selecionado por nosso amigo Renan:
texto: DESCOMPLICANDO O USO DA CONSANGUINIDADE,
por Lúcio Sérgio de Andrade
A consanguinidade é um método de seleção, que tem como finalidade fixar caractetisticas desejáveis no plantel, sendo definida como sendo o grau de parentesco entre animais que têm ancestrais em comum.
Todavia, muito se comenta quanto aos riscos da prática subjetiva da consanguinidade, sem embasamento zootécnico. De fato, os resultados tanto poderão ser positivos, com base na fixação de caracteres desejáveis, de acôrdo com o programa seletivo, como também resultados negativos, com base na exteriorização de defeitos. Geralmente, os defeitos manifestam-se em estado de homozigose recessiva. Como a consanguinidade favorece o emparelhamento de genes semelhantes, o resultado tambem poderá ser o emparelhamento dos genes recessivos.
O quanto um potro (a) é consanguíneo é determinado pela medida do Índice de consaguinidade (I.C.), o qual pode ser calculado através da seguinte formula:
. ........................ (NP + NM)
I.C. = soma de (½) (np+nm) x (½)
NP - numero de gerações paternas, entre o pai do animal até o ancestral comum
NM – numero de gerações maternas, entre a mãe do animal até o ancestral comum que serviu de referência para o calculo do NP
O Índice de Consanguinidade (I.C.) amentará no caso de ser identificado na genealogia mais de um ancestral em comum. Neste caso, os cálculos do NP e NM devem ser feitos em separado para cada ancestral em comum, e o I.C. será o somatório.
Os acasalamentos consanguineos frequentemente praticados estão relacionados na tabela abaixo:
TIPO DE ACASALAMENTO |
I.C. (%) |
Pai x Filha |
25,00 |
Pai x Neta |
12,50 |
Meio irmãos |
12,50 |
Irmãos inteiros |
25,00 |
Avô x Neta | 6,25 |
Como pode ser notado pela análise da tabela anterior, o Índice de Consanguinidade geralmente será metade do grau de parentesco, exceto nos casos de haver no pedigree mais de um ancestral em comum.
Vejamos como exemplo o parentesco entre pai e filha que é de 50%, porque a filha recebe 50% da bagagem genética do pai e 50% da bagagem genética da mãe. Porém, o I.C. será de 25%. Este mesmo exemplo é ilustrado na árvore genealógica abaixo e aplicando a fórmula de cálculo do I.C. Os riscos da consanguinidade não podem ser 100% evitados, mas podem ser minimizados, através de um programa de acasalamento zootecnicamente analisado. O mérito genético dos ancestrais deve ser considerado como um todo – morfologia, marcha, docilidade, treinabilidade, fertilidade. Em paralelo, o grau de parentesco dos animais envolvidos no processo reprodutivo também deve ser avaliado, tendo como objetivo evitar a prática de consanguinidade estreita. Em casos de plantéis consanguineos, o método de seleção deve ser o oposto, ou seja, com base na heterose, pelo menos em uma ou duas gerações sucessivas.
Infelizmente, devido ao mal uso da consanguinidade, um numero significativo de selecionadores não alcançam resultados satisfatórios no melhoramento das proles anuais.''
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Durante a apresentação, além da interação dos alunos presentes, o encontro contou com a presença do professor orientador do GEMA, Professor André Paiva, que completou as explicações de Renan e auxiliou no exemplo do calculo de índice de consanguinidade entre outros aspectos desses cruzamentos.
Concluindo, parabenizamos o graduando pela palestra interessante de um assunto que é muito extenso e quase nunca exato, porém empolgante para a busca de novas descobertas que envolva a melhor produção animal tecnológica e sustentável possível.